sábado, 2 de maio de 2009

Dilma Roussef: a resposta

A carta da ministra Dilma Roussef [Casa Civil] ao jornal Folha de S. Paulo é mais um capítulo no caso da matéria "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto" [5/4/2009]. Veja a íntegra da carta da ministra no Observatório da Imprensa.
O fato é que as informações divulgadas pelo jornal estão ficando cada vez mais difíceis de se sustentarem. Primeiro foi o professor Antonio Roberto Espinosa negando que havia dito o que o jornal publicou, isto é, que a ministra Dilma sabia do plano para sequestrar Delfim [ação que nunca se realizou].
Espinosa era dirigente da VAR-Palmares no período da ditadura miliar - e a base para a matéria foram suas declarações. O professor desafiou o jornal a publicar a íntegra da entrevista, o que a Folha não aceitou fazer. Agora, a carta da ministra [também não publicada] apontando como falsa uma ficha criminal, divulgada como sendo dela, na primeira página do jornal.
Em matéria na edição de 25/4/2009 [aqui, para assinantes], a Folha reconhece que errou ao informar que a origem da ficha era o Dops [foi recebida por e-mail] e que errara também ao "tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada - bem como não pode ser descartada [grifei]". Até onde se sabe, quase tudo pode entrar nessa categoria de não poder ser "descartado", é só fazer um teste: "Ele é um marido fiel, mas a infidelidade não pode ser descartada"; "Ele é um homem honesto, mas não se pode descartar que ele venha a praticar alguma ilegalidade"; "Ele é um bom jogador, mas não pode ser descartada a possiblidade dele vir a se tornar um grosso", e assim vai. É uma estranha maneira de reconhecer um erro que parece tão evidente.
Obviamente, todo jornal pode cometer equívocos. Quando acontece isso, o melhor a fazer é reconhecer o erro sem subterfúgios; a credibilidade sai muito menos arranhada do que tentar econdê-lo por jogo de palavras.
Tratei do mesmo assunto em outras duas postagens, aqui e aqui.

2 comentários:

  1. Qual o argumento que a Folha usou para negar o pedido do professor Espinosa, Plínio?

    Caso o jornal tenha alegado falta de espaço para a publicação da entrevista na íntegra, acredito que seja um argumento até válido, de certo modo. Mas não daria para publicar o conteúdo na internet?

    Obrigado, Plínio!

    ResponderExcluir
  2. Caro Diego,
    A publicação na internet foi, inclusive, sugestão do ombudsman da Folha. Mesmo assim, a direção da Redação vem se recusando a publicar a íntegra da entrevista.

    ResponderExcluir