quarta-feira, 8 de abril de 2009

Como salvar o jornalismo

Fazer jornalismo é muito diferente de escrever um blog [sem diminuir a importância deste]. Para fazer isso, basta fazer o que estou fazendo agora: sentar-se frente a um computador e escrever, dar opiniões e, eventualmente, uma ou outra informação. Fazer jornalismo, produzir reportagens - para ser publicada em papel ou na rede -, é muito caro - e alguém tem de pagar por isso. Reconhecendo-me um dinossauro, afirmo que a tese de pagar por conteúdo é defensável. Uma das formas poderia ser a do "micropagamento", no qual o internauta escolheria aquilo que quer ver, pagando somente por aquela "unidade". Walter Isaacson, ex-diretor administrativo da revista Time, escreveu com propriedade sobre isso. Ele termina o seu artigo assim:

"Não digo isto [a defesa da tese do pagamento] porque eu seja 'mau', que é a definição que minha filha faz de quem quer cobrar pelo conteúdo da internet. Digo porque minha filha é muito criativa e, quando ficar mais velha, quero que ela seja remunerada pela qualidade de seu trabalho, ao invés de me procurar para pedir dinheiro ou decidir que faz mais sentido tornar-se dona de um banco de investimentos. Também o digo porque adoro jornalismo. Acho que é válido e deveria ser valorizado por seus consumidores. Cobrar pelo conteúdo força os jornalistas a uma disciplina: eles devem produzir coisas que as pessoas realmente valorizem. A necessidade de ser valorizado pelos leitores – servindo a eles, antes de tudo, e não dependendo exclusivamente da arrecadação da publicidade – permitirá novamente à mídia encontrar o verdadeiro ritmo de que trata o jornalismo."

3 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, já add aos meus favoritos, sempre acompanhei seu trabalho pelo Jornal O Povo.
    Quanto ao post, vivemos numa época da banalização da informação é preciso realmente novas práticas.
    Eliane Curvello

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  2. Prezado, confesso que procuro corroborar a sua compreensão de que jornalismo é profissão porque é baseada no recebimento de alguma vantagem pecuniária em função da pesquisa, opinião e argúcia de relacionar informações.

    Para min estas caracteristicas, que são fundamentais ao bom jornalismo, podem estar presentes também nos blogueiros "para-jornalistas".

    Vejamos que as pessoas "valorizam" também prinicpios e expressões que não gozam de ampla aceitação. Muitas delas ferem o gosto pessoal de outrem, no entanto o seu direito a informação e a expressão deve ser preservado.

    O que acontece na internet, seja em blogs, wikis... é a expressão de massa, outrora silenciosa, mas que quer se exprimir sobre os assuntos que lhe interessam. De fato nem sempre isso ocorre com o rigor e a busca da imparcialidade que o bom jornalismo necessita.

    Daí porque penso que jornalismo se tornou um rigor ético que alguns buscam introduzir na sua expressão e outros não.

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  3. Caro Plínio,

    Por mais que se cantem as glórias da internet, o fato é que a notícia não aparece do nada na rede. No máximo, a circulação de releases ficou mais ágil. Informação mesmo, garimpar notícias, exclusivas, investigação, isso é papel dos veículos tradicionais. A verdade é que eles abastecem a rede.

    Blogs de notícias funcionam como grandes clippings, com eventuais informações próprias. O negócio é escolher o que se deseja repercutir. Para os grandes grupos, seu valor não é tanto comercial, mas sua capacidade política de por assuntos na ordem do dia.

    De resto, parabéns pelo blog. Você é um profissional que tem muito a compartilhar com jornalistas e leitores.

    Abraço,

    Wanderley

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