quinta-feira, 9 de abril de 2009

O quanto sou

Carlos Nóbrega é um sujeito que fala pouco e presta muita atenção; nunca quis ouro nem prata e nem cargos; talvez por isso reste poeta: dos bons. "Ao Plínio dedico com um abraço", ele escreveu, ao deixar O quanto sou na portaria do meu prédio. [Vejam o luxo: o poeta me entrega em domicílio.] Deixo com vocês três poemas do livro:

Um vigoroso:

Cavalos não dão passos.
Cavalos se equilibram
no eco de seus músculos.
Assim são minhas buscas
Assim as faço bruscas
Assim as faço másculas.

Um irônico[?]:

fazia a moça
um feroz discurso
impondo ao homem
a volta à Natureza...
e vi plantados nela
um Sutiã Rendado
um Batom Bem Claro
e Óculos de Aro.

E outro metalinguístico:

Quem me dera
escrevesse O poema,
o deitasse ao chão,
E os pombos o comessem
letra por letra.

Mais, na bem cuidada edição da Expressão Gráfica Editora.

4 comentários:

  1. Pois é, caro Plínio, Nóbrega é poeta de alto coturno, com pose de recruta.
    Tenho o privilégio de ser amigo dele e de sair por aí tecendo loas sobre as jóias poéticas com as quais ele nos presenteia.

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  2. Pois é, esqueci de acrescentar "...nem divisas".

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  3. Caro Plínio, também tive o prazer de receber um exemplar autografado do O Quanto Sou, do poeta Carlos Nóbrega, devorando-o imediatamente, embora logo após, como fazem os ruminantes, faço-o de novo e de novo, como ainda hoje faço com as outras publicações dele.
    Orlando Queiroz

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  4. Orlando,
    O Nóbrega é um poeta andante, distribuindo letras e versos de casa em casa.

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