segunda-feira, 20 de abril de 2009

Balançando o sedém [VI]

Tem mais uma da viagem Guaraciaba do Norte/Viçosa do Ceará que estava esquecendo de contar. Entre um percurso e outro, correndo o dial digital do rádio, parei em uma emissora, não sei de qual cidade, em que o locutor tocava Nelson Gonçalves para homenagear o seu aniversário de nascimento. Como dizia o speaker se "Nelson estivesse entre nós", ele teria completado 90 anos no dia 18 de abril. Depois de uma música, daquelas que o cantor quase estoura as caixas de som, o cara se sai com essa: "Isso é que é cantor; isso é que é voz, e voz de homem, não aquele negócio de Caetano Seboso, que não canta nada e ainda beija boca de homem". Continuou esculachando Caetano Veloso por um bom par de minutos e emendou: "Hoje pra ser cantor basta balançar o sedém na televisão; balançou o sedém, já está fazendo sucesso; no tempo do rádio não, precisava ter voz". Impagável.
[Algum eventual leitor não-cearense que não saiba o que é "sedém", ainda que dê para imaginar, sugiro procurar um bom dicionário de termos da terra de Alencar.]

Um comentário:

  1. Não Enche
    Caetano Veloso

    Me larga, não enche
    Você não entende nada
    E eu não vou te fazer entender...

    Me encara, de frente
    É que você nunca quis ver
    Não vai querer, nem vai ver
    Meu lado, meu jeito
    O que eu herdei de minha gente
    Eu nunca posso perder
    Me larga, não enche
    Me deixa viver, me deixa viver
    Me deixa viver, me deixa viver...

    Cuidado, oxente!
    Está no meu querer
    Poder fazer você desabar
    Do salto, nem tente
    Manter as coisas como estão
    Porque não dá, não vai dá...

    Quadrada! Demente!
    A melodia do meu samba
    Põe você no lugar
    Me larga, não enche
    Me deixa cantar, me deixa cantar
    Me deixa cantar, me deixa cantar...

    Eu vou
    Clarificar
    A minha voz
    Gritando
    Nada, mais de nós!
    Mando meu bando anunciar
    Vou me livrar de você...

    Harpia! Aranha!
    Sabedoria de rapina
    E de enredar, de enredar
    Perua! Piranha!
    Minha energia é que
    Mantém você suspensa no ar
    Prá rua! se manda!
    Sai do meu sangue
    Sanguessuga
    Que só sabe sugar
    Pirata! Malandra!
    Me deixa gozar, me deixa gozar
    Me deixa gozar, me deixa gozar...

    Vagaba! Vampira!
    O velho esquema desmorona
    Desta vez prá valer
    Tarada! Mesquinha!
    Pensa que é a dona
    E eu lhe pergunto
    Quem lhe deu tanto axé?
    À-toa! Vadia!
    Começa uma outra história
    Aqui na luz deste dia "D"
    Na boa, na minha
    Eu vou viver dez
    Eu vou viver cem
    Eu vou vou viver mil
    Eu vou viver sem você...

    Eu vou viver sem você
    Na luz desse dia "D"
    Eu vou viver sem você...

    Em tempo: Caetano fez essa música para algumas pessoas da imprensa. Parafraseando Arnaldo Antunes: expressa uma consciência impressionante do que está cantando.
    Eliane

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