quarta-feira, 13 de maio de 2009

MUDEI DE ENDEREÇO

Caros Amigos,
Mudei de endereço.

Agora estou no potal O POVO Online.

Espero continuar com a leitura de vocês neste link:


http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/

Folha dá bolsa para pesquisa em jornalismo

O jornal Folha de S. Paulo abriu concurso para incentivar pesquisas sobre a história do jornalismo brasileiro. O programa "Folha Memória" selecionará três projetos de pesquisa e premiará seus autores com uma bolsa de R$ 2.300 mensais durante seis meses, mediante reembolso de despesas.
Nesse períododo, os candidatos selecionados - orientados por jornalista da Folha - terão de produzir pesquisa com rigor acadêmico e transformá-la em texto de caráter jornalístico. O melhor dos três trabalhos será publicado em livro editado pela Publifolha, e seu autor ganhará um notebook.

Leia mais. Ficha de inscrição.

Twitter?, hem?

Dizem por aí que o jovem é "conectado", que sabe tudo das "novas mídias", etc. Escutem esta: um jornalista do O POVO foi fazer palestra sobre o ofício em um colégio particular, para alunos do terceiro ano do ensino médio. Fazia um mea culpa pelo fato de o jornal ter demorado a descobrir o potencial do Twitter, quando ouviu exclamações: o quê?, hem? Então perguntou: alguém aqui sabe o que é Twitter? Cerca de 30 alunos, ninguém sabia.
Bom, pode ser que todos soubessem o que é Orkut, mas será que eles não leem nada sobre o que se passa no mundo virtual no qual eles vivem? Ou será que a sala é uma exceção?

A propósito, Twitter é uma das chamadas "mídias sociais", uma rede de relacionamento interpessoal, que permite postar mensagens até 140 caracteres. É um microBlog, agora blog é... Acho que Blog [quase] todo mundo já sabe o que é. Veja aqui uma lista de utilidades para o Twitter.

IPhone obrigatório em faculdade americana

O curso de Jornalismo da Universidade do Missouri [Estados Unidos] exigirá que seus alunos tenham um iPhone ou iPod Touch como material indispensável a partir do próximo semestre, para download de material. Segundo comunicado da universidade, divulgado pela imprensa americana, o reprodutor de mp3 iPod Touch, fabricado pela Apple, é "requisito mínimo" para os estudantes de Jornalismo.

De leve, no folheto que divulgava a novidade, a faculdade aproveitou para fazer uma publicidade básica: "A melhor solução para os estudantes que não tenham iPod Touch ou iPhone é ir à TigerTech, loja de informática da universidade, e comprar um", ressalvando que os alunos teriam direito "desconto" e "facilidades" de financiamento para adquirir o aparelho. [Da agência EFE, reproduzido por Yahoo

terça-feira, 12 de maio de 2009

Jornalistas: pesquisa

O editor do Observatório da Imprensa, Luiz Egypto, e outros três pesquisadores desenvolvem estudo sobre "Indicadores de Qualidade Jornalística", conduzida pela Rede Nacional de Observatórios de Imprensa (Renoi) com apoio da Unesco.
Se você é jornalista, e quer contribuir com o estudo, pode responder a um questionário sobre o tema, neste endereço [cerca de 5 minutos].
Mais informações podem ser obtidas diretamente com os pesquisadores.

Prof. Dr. Josenildo Guerra (coordenador)
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
josenildoguerra@yahoo.com.br
Prof. Dr. Rogério Christofoletti
Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
rogerio.christofoletti@uol.com.br
Prof. Dr. Danilo Rothberg
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
danroth@uol.com.br
Ms. Luiz Egypto de CerqueiraProjor
Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo
Observatório da Imprensa
legypto@gmail.com

segunda-feira, 11 de maio de 2009

101º Macaco

Recebo e-mail de Hélcio Brasileiro, da agência de publicidade 101º Macaco [leia "centésimo primeiro macaco", sim é o nome da agência, ponha no Grande Guru Google e descubra o porquê.] diretamente do Copacabana Palace [Rio], dizendo o seguinte:

[Estou no] Wave Festival, onde há 1.113 trabalhos publicitários de 94 agências de toda América Latina. Além de contar com os pesos pesados de sempre, o festival foca no debate de novas mídias e novos modelos de negócios em comunicação. Nossa campanha (101º Macaco) para a Athos ficou entre os finalistas de campanha online integrada, a principal categoria de Cyber.
Olha o nível dos outros finalistas. Colocamos o Ceará no mapa da publicidade latino-americana. Tô feliz demais. :)

CyberCampanha Integrada

1 - T-Racer (Agência Click) - Grand Prix da Cyber - http://www.congado.net/2009/fiat/puntotjet/campanha/pt/
2 - Hoy Puede ser un Grande Dia (BBDO Argentina) - Bronze (não teve prata)http://chuerta.com/awards/lays.html
3 - Mandale Un menaje a tu ex (BBDO Argentina) - Bronze http://chuerta.com/awards/pasodelostoros.html
4 - O Homem Perfeito - 101º Macaco - Shortlist
http://www.101macaco.com/wave/
5 - Esquadrao SOS Lhama (FBiz) - Shortlist
http://www.chiclets.com.br/wave/
6 - Seda Teens - Shortlist - (FBiz)
http://www.sedateens.com.br/wave/
7 - Xpress Bands - Shortlist - Wunderman Brasil Comunicações
http://www.xpressbands.com/

O Hélcio é o cara que, de vez em quando, chamamos aqui no O POVO para falar sobre novas mídias.

domingo, 10 de maio de 2009

Governo do Estado infla número de acessos a seu portal

Blogueiros do Ceará iniciaram campanha via blogs e Twitter contra uma gambiarra do governo do Estado do Ceará que está inflando artificialmente o número de acessos a seu portal. O truque consiste no seguinte: todas as vezes que alguém digita o endereço de uma instituição ligada ao Estado: Uece, Detran, secretarias, etc., a URL [endereço na internet] é redirecionada, obrigando o usuário a fazer um passeio forçado pelo portal do Governo.
Além de enganar o internauta - que pode ter pressa ou mesmo urgência em obter uma informação - o truque vai contra todas as regras que regem a usabilidade da internet.
A propósito, a campanha se chama URL Burra. Veja mais no Eu podia tá matando e no Liberdade Digital.

Adriano Espínola e a poesia urbana

O Vida & Arte do O POVO publica hoje [10/5/2009] a entrevista Versos Universais, com um dos grandes cearenses da poesia, Adriano Espínola, hoje morando no Rio de Janeiro. Parece que o próprio poeta deixa de citar uma de suas obras primeiras "O lote clandestino" - que eu considero, junto com "Táxi", o seu melhor livro - pois parece a obra seminal, aquela que vai sinalizar o rumo que o poeta dará à sua vida de escritor. [Aviso que eu não sou crítico, muito pelo contrário, sou um modesto e bissexto leitor de poesia.]
"O lote" (1982), da editora Água, foi impresso naqueles mimeógrafos "eletrônicos" em que se tinha de datilografar em uma matriz sem o uso da fita da máquina de escrever [só os dinossauros vão entender], portanto um livro artesanal.
Na capa uma lata aberta com o aviso: "PÔ! ESIA"; na contracapa, um Adriano com 30 anos em frente a uma placa de trânsito sinalizando o "Sentido proibido" e a exortação: "Agora,/vai para a rua,/descolar a poesia/verdadeira,/aquela que se escreve a muques & porradas".
A poesia que abre o livro, Poétika é uma paulada nos bichos-grilo e nos poetrastos chegados ao "realismo socialista". As três primeiras estrofes:

;e daí,
se eu não fui pras montanhas,
encher minhas mão de calos,
tomar banho de cuia,
plantar milho e versos
caipiras
ao amanhecer;

E daí,
se eu não me mandei pro interior,
para amaldiçoar o latifúndio,
falar camponês
(com sotaque pequeno-burguês)
e depois derramar meu ódio
e minha lágrima messiânica
a fim de me sentir mais poeta;

E daí,se eu não zarpei numa jangada de timbaúba,
passei uma semana no mar,
pipoquei minha pele ao sol
e não voltei triunfantecom um caçuá de versos na mão?

MAS O QUE EU VEJO É A CIDADE!

[Neste livro, Adriano cita um cordel, que publicara em 1975, usando o pseudônimo de Pedro Gaia: "A cidade", pelas edições Urubu, de Juazeiro do Norte.]

Novos Talentos O POVO

Os sorridentes aí de cima fazem parte da 5a. turma do curso Novos Talentos para estudantes de jornalismo. Projeto do O POVO que eu coordeno e com o qual eu aprendo bastante. Se você é estudante de jornalismo, a partir do sexto semestre, fique de olho, pois logo estarão abertas as inscrições para a sexta turma. Guarde os nomes, você ainda ouvirá falar neles. Da esquerda para a direita: Joanice (FaC), Andréia (FIC), Allana (Unifor), Jaque (Fanor), Serena (FIC), Jack (FaC), Alan (FIC) e Thiago (Unifor). Fotografados no jardim do O POVO por Georgia Santiago.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Google vai à TV

O Google decidiu ir à TV - nos Estados Unidos -, levando a publicidade do seu navegador Chrome, que não consegue cair nas graças dos internautas. É a estreia na TV,nos dez anos de vida da empresa. Veja o anúncio, que já circula no YouTube.

Dinossauros, Titanic e a Ilha Fiscal

Devido à crise porque passam os jornais impressos, sou sempre provocado por alguns "jovens" jornalistas conectados e por uma certa "esquerda", que considera a imprensa uma espécie de complô da burguesia [com comitê central e tudo] para submeter a "classe operária". Dizem mais ou menos que somos uma espécie de dinossauro [se bem que o asteróide da internet ainda não nos destruiu completamente], que estamos tocando no convés do Titanic ou, quem sabe, dançando no baile da Ilha Fiscal.

Sempre respondo, pacientemente, aos dois grupos [ambos são imaturos], que não tenho - os jornalistas não devem ter - nenhum fetiche pelo papel. Explico didaticamente: o homem [quando é para alguém da "esquerda" trato de ser politicamente correto e acrescento "e a mulher"] começou a deixar sua marca nas paredes das cavernas, depois passou a escrever em tabletes de argila; pele de animais, o papiro e, depois, inventou o papel. Portanto, este, é apenas mais um dos suportes de que se valem os humanos para manifestar e difundir os seus pensamentos. Se houver outro melhor, a tela do computador, a tinta eletrônica, o display do celular, passemos a usá-los.

Digo então para eles que o negócio das empresas de notícias e dos jornalistas é o jornalismo: levar notícias às pessoas, contar história de gente - em qualquer suporte. Aqui é que se concentra o problema que nos atinge a todos: estamos fazendo bom jornalismo? O jornalismo está cumprindo o seu papel de levar às pessoas informações de interesse público? Ou os jornais também estão se transformando em meios de entretenimento e de banalidades de modo a concorrer com os outros meios, mais "dinâmicos"?

A crise dos jornais não deveria ser motivo de regozijo, deveria ser justificativa para pensar, pelo menos aqueles que creem que a democracia depende de uma boa imprensa - e livre, e que a liberdade de imprensa depende da democracia.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O deus-mercado e a intercessão dos bispos

Leio no adNews que a apresentadora Ana Paula Padrão assinou contrato para apresentar o telejornal da Record, deixando o SBT, onde passou quatro anos após deixar a Globo. Até aí tudo bem, são mudanças normais na vida de um profissional. O que me chamou a atenção foi a justificativa que ela deu para voltar a apresentar um telejornal diário, motivo que a levou a sair da Globo. A jornalista disse o seguinte:
"Nós íamos [ela e o marido Walter Mundell] a um restaurante, por exemplo, e o garçom perguntava quando eu ia voltar a apresentar jornal. Íamos à feira, a mesma coisa... Um dia, o Walter parou e disse: 'Ana, escuta, isso é o mercado te chamando, dizendo que quer você de volta'. E ele tinha razão. Eu vi que tinha motivos para voltar: o mercado pediu".
Já não bastasse o "mercado" ser uma espécide de divindidade no noticiário econômico - lançando seus raios do Olimpo: ora ficando "nervoso", por vezes "agitado", outras ainda ralhando com autoridades quando tomam alguma decisão que ele não gosta -, agora passa a comandar diretamente na vida das pessoas ou, pelo menos, a de Ana Paula Padrão.
Mas, de qualquer modo, o "mercado" ainda está precisando de intercessores para agir: no caso, os bispos da Record.

Wikipedia e o apóstolo Paulo

O estudante irlandês, Shane Fitzgerald, de 22 anos, conseguiu enganar os editores de jornais inglesas da Índia e Austrália. Ele inventou uma citação e a atribuiu, na Wikipedia, ao compositor francês Maurice Jarre, morto em 29 de março. A frase foi reproduzida no obituário do jornais ingleses The Guardian e The London Independent e no site BBC Music Magazine, entre outros.
A frase inventada, e sem fonte de origem, foi postada pelo estudante logo após a morte do músico. Foi retirada do ar por moderadores da Wikipedia por duas vezes, mas recolocada por Fitzgerald logo depois. O erro permaneceu no ar durante todo o dia 30 de março. Veja no Comunique-se [é necessário cadastro].

Estudantes costumam me perguntam se a Wikipedia pode ser usada como fonte de consulta. Eu costumo recitar-lhes a exortação do apóstolo Paulo fez aos coríntios [6, 12], quando estes lhe perguntaram o que era permitido e o que era proibido aos cristãos. Em uma lição do que é o livre arbítrio ele respondeu: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". Ou, em outra tradução: "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma".

Para os jornalistas pode ser traduzido assim: a Wikipedia pode ser uma das fontes de pesquisa, mas não pode ser tida como "a" fonte.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Supremo no YouTube

O STJ [Supremo Tribunal Federal e o Conselho] e o CNJ [Conselho Nacional de Justiça] firmaram parceria com o Google para incluir conteúdo no YouTube. O acordo foi feito entre Gilmar Mendes [presidente do STF], Alexandre Hohagen [diretor-geral do Google para a América Latina] e Ivo da Motta Azevedo Corrêa [diretor-geral do Google para a América Latina]. Serão utilizadas ferramentas tecnológicas desenvolvidas pelo Google para melhorar a comunicação entre o STF e o CNJ. Uma das propostas é a criação de um canal do YouTube para as duas instituições. Segundo o Notícias do STF, o objetivo é permitir o acesso a vídeos dos julgamentos pela Internet em qualquer lugar e a qualquer momento.
Quem é que vai negar agora a assertiva do ministro Joaquim Barbosa que Gilmar Mendes gosta de estar na mídia. :)

BBC abre Academia de Jornalismo

A BBC - rede pública de rádio e TV do Reino Unido - resolveu difundir para o público o seu método de fazer jornalismo. Para isso criou na internet a sua Academia de Jornalismo. O objetivo, segundo Rogério Simões, diretor da BBC Brasil, é começar a compartilhar com o público "os padrões em que se baseia a sua produção jornalística". Ele diz, na página de abertura da Academia, que o novo espaço explicará ao leitor os princípios que regem o trabalho da rede, "como objetividade, imparcialidade, independência e transparência".

Não resta a menor dúvida que, em uma época em que dizem que a objetividade é impossível, que a isenção é uma "invenção burguesa" e que se assassina a verdade em nome de um relativismo irresponsável, a iniciativa de uma rede do porte e da credibilidade da BBC é de importância incomensurável.

Como escrever para a web: curso

O Centro Knight para o Jornalismo nas Américas oferece o curso “Como escrever para a web”, que será realizado entre 25 de maio a 28 de junho de 2009. O curso - gratuito e totalmente online - será ministrado pelo jornalista colombiano Guillermo Franco, baseado em seu livro, com o mesmo título, recentemente publicado em português. As vagas são limitadas, e os candidatos devem ser jornalistas ou editores latino-americanos ou caribenhos que trabalhem para um meio de comunicação online em período integral.
Os pré-requisitos são os seguintes, segundo os organizadores:

  • Desejar melhorar sua redação e ter ao menos cinco exemplos de sua escrita para usar no curso.
  • Comprometer-se em participar consistentemente de um curso intensivo que exige de 10 a 15 horas por semana.
  • Ter lido "Como escrever para a web" antes do início das aulas.
  • Conseguir ler em inglês (nível intermediário), pois diversos materiais do curso serão nesta língua.

Mais informações aqui. Baixe gratuitamente o livro "Como escrever para a web" [em português].

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Versus volta na internet

Um dos mais importantes jornais alternativos do Brasil, o Versus - editado entre 1975 e 1979 -, está de volta na internet. O projeto [aqui] é tocado por um de seus editores, Omar L. de Barros Filho, que inicia a apresentação assim:

"O projeto que deu origem a esta antologia começou a nascer no final dos anos 90, quando conheci um assinante de Versus na fronteira do Brasil com a Bolívia, às margens do rio Guaporé, em Rondônia, onde vivi em uma fazenda isolada do mundo das notícias por muitos anos. Ele fazia parte de um grupo de consultores do Banco Mundial que percorria a área em busca de padrões de sustentabilidade para as atividades econômicas da região. Ao me apresentar como jornalista e comentar que tinha sido editor de Versus nos anos 70, ele disse: 'Li e colecionei Versus por muito tempo. Foi, na época, o jornal que mais ajudou em minha formação política e me fez ver a América Latina de forma diferente'. Depois que nos despedimos, pensei se seria possível sintetizar em uma nova publicação o resultado da atividade frenética e da inquietação cultural que sempre marcaram a redação de Versus, em São Paulo. Versus foi uma experiência única de jornalismo alternativo, que surgiu da mente inventiva de Marcos Faerman, o Marcão, para quem teve a felicidade de conhecê-lo e aprender com ele, um dos mais brilhantes repórteres e editores brasileiros de todos os tempos [...]".

Veja também texto da jornalista Ana Cristina C. Machado, que foi colaboradora do Versus. Quem quiser saber mais sobre a imprensa alternativa da década de 1970, recomendo o livro Jornalistas e revolucionáiros - Nos tempos da imprensa alternativa, de Bernardo Kucinski.

domingo, 3 de maio de 2009

Simulacro e poder

Acabo de ler Simulacro e poder - Uma análise da mídia, livro de Marilena Chauí, editado pela Fundação Perseu Abramo. Pela violência como alguns intelectuais criticam a mídia, sem um mínimo de flexibilidade para ver, pelo menos, um único ponto positivo, fico com a impressão que, se vivessem em 1450, teriam condenado como uma mal à humanidade a invenção de Gutenberg.

10 piores países do mundo para ser blogueiro

O Comitê para Proteção aos Jornalistas [CPJ], entidade com sede em Nova York, listou os 10 piores países do mundo para ser blogueiro. "Com um governo que restringe o acesso à internet e impõe duras penas de prisão para quem divulgar material crítico ao governo, Mianmar [antiga Birmânia] é o pior lugar do mundo para ser blogueiro", diz o informe do CPJ.
Para o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon, alguns governos estão "aprendendo a voltar a tecnologia contra os blogueiros, censurando e filtrando a internet, restringindo o acesso à web. Quando nada disso funciona, as autoridades simplesmente prendem alguns blogueiros para intimiar o restante da comunidade, com o objetivo de silenciá-la ou para que se autocensure".

Os dez piores, segundo a lista do CPJ

1. Mianmar
O governo de Mianmar mantêm os meios de comunicação sob forte censura e também impõe severas restrições sobre os blogs e outras atividades na internet. O blogueiro Maung Thura, conhecido como Zargnar, está cumprindo 59 anos de prisão por haver divulgado imagens do ciclone Nargis, em 2008.

2. Irã
As autoridades prendem e reprimem com regularidade os blogueiros que escrevem críticas sobre líderes religisoso ou políticos, sobre a revolução islâmica e seus símbolos. O governo obriga que os blogueiros registrem os seus blogs no Ministério de Arte e Cultura. Milhares de sites são bloqueados. O blogueiro Omidreza Mirsayafi, preso por "insulto" a líderes religiosos, morreu na prisão, em circunstâncias não esclarecidas.

3. Síria
O governo usa filtros para bloquear sites. As autoridades prendem blogueiros que divulgam infomação consideradas "falsas" ou prejudiciais à "unidade nacional". Waed al-Mhana, defensor de sítios arqueológicos em perigo, está sendo processado por haver denunciado a demolição de um antigo mercado em Damasco.

4. Cuba
O blog Generación Y de Yoani Sánchez faz parte de um pequeno e crescente grupo de blogueiros independentes cubanos. A população de Cuba somente pode conectar-se à web em hotéis e cafés. A internet é controlada pelo governo por meio de "vales" muito caros. O governo cubano mantém presos 21 jornalistas, que foram a vanguarda do jornalismo digital em Cuba. Esses jornalistas enviavam seu material para blogs do exterior e foram detidos em 2003.

5. Arábia Saudita
Cerca de 400 mil sítios são bloqueados pelo governo, incluindo os que abordam temas políticos sociais ou religiosos. O blogueiro Fouad Ahmed al-Farhan foi encarcerado durante vários meses em 2007, sem acusação formal, por haver defendido reformas no regime e a liberação de presoso políticos.

6. Vietnã
Os blogueiros tentam, por meio da internet, furar o bloqueio dos meios de comunicação tradicionais, controlados pelo governo. As autoridades têm pedido a companhias como o Yahoo, Google e Microsoft que lhes entregue informações sobre os blogueiros. Em setembro do ano passado, o blogueiro Nguyen Van Hai, conhecido como Dieu Cay, foi sentenciado a 30 anos de prisão por evasão de impostos. Investigação do CPJ mostra que foi uma represália pela sua atuação como blogueiro.

7. Tunísia
Os provedores da internet têm de entregar ao governo o IP ou outra informação que lhe permita identificar os blogueiros. Todo o tráfico da internet é controlado. Os blogueiros Slim Boukhdhir e Mohamed Abbou foram presos pelo seu trabalho informativo.

8. China
A China tem quase 300 milhões de pessoas conectadas, número maior o que qualquer outro país. Mas as autoridades mantêm severo programa de censura digial, com provedores para filtrar buscas, bloquear sites, apagar conteúdo "inconveniente" e monitorar o tráfego de e-mails. Os meios tradicionais - imprensa, rádio e TV - estão sob o controle do governo. Pelo menos 24 jornalistas digitais estão presos, segundo investigações do CPJ.

9. Turcomenistão
A companhia de telecomunicação MTS começou a oferecer acesso à internet por meio de telefones celulares em 2005, mas o contrato requer que os clientes evitem sites críticos ao governo. O provedor estatal de serviços bloqueia acesso a sites de dissidentes e monitora as contas de e-mails registradas no Gmail, Yahoo e Hotmail.

10. Egito
O tráfego de todos os provedores passa pela Telecom Egito, controlada pelo Estado. As autoridades detêm com regularidade, por períodos indeterminados, blogueiros críticos. Grupos locais de liberdade de imprensa documentaram a detenção de mais de 100 blogueiros em 2008. Ainda que a maioria seja libertada depois de certo período, alguns ficaram detidos por vários meses, muitos sem ordem judicial. Quase todos os detidos indicaram haver sido maltratados, alguns torturados. O blogueiro Abdel Karim Suleiman, conhecido como Karim Amer, está cumprindo pena de 4 anos de prisão por haver "insultado" o islã e o presidente Hosni Mubarak.

A matéria completa pode ser vista no portal do CPJ [em espanhol]

sábado, 2 de maio de 2009

Dilma Roussef: a resposta

A carta da ministra Dilma Roussef [Casa Civil] ao jornal Folha de S. Paulo é mais um capítulo no caso da matéria "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto" [5/4/2009]. Veja a íntegra da carta da ministra no Observatório da Imprensa.
O fato é que as informações divulgadas pelo jornal estão ficando cada vez mais difíceis de se sustentarem. Primeiro foi o professor Antonio Roberto Espinosa negando que havia dito o que o jornal publicou, isto é, que a ministra Dilma sabia do plano para sequestrar Delfim [ação que nunca se realizou].
Espinosa era dirigente da VAR-Palmares no período da ditadura miliar - e a base para a matéria foram suas declarações. O professor desafiou o jornal a publicar a íntegra da entrevista, o que a Folha não aceitou fazer. Agora, a carta da ministra [também não publicada] apontando como falsa uma ficha criminal, divulgada como sendo dela, na primeira página do jornal.
Em matéria na edição de 25/4/2009 [aqui, para assinantes], a Folha reconhece que errou ao informar que a origem da ficha era o Dops [foi recebida por e-mail] e que errara também ao "tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada - bem como não pode ser descartada [grifei]". Até onde se sabe, quase tudo pode entrar nessa categoria de não poder ser "descartado", é só fazer um teste: "Ele é um marido fiel, mas a infidelidade não pode ser descartada"; "Ele é um homem honesto, mas não se pode descartar que ele venha a praticar alguma ilegalidade"; "Ele é um bom jogador, mas não pode ser descartada a possiblidade dele vir a se tornar um grosso", e assim vai. É uma estranha maneira de reconhecer um erro que parece tão evidente.
Obviamente, todo jornal pode cometer equívocos. Quando acontece isso, o melhor a fazer é reconhecer o erro sem subterfúgios; a credibilidade sai muito menos arranhada do que tentar econdê-lo por jogo de palavras.
Tratei do mesmo assunto em outras duas postagens, aqui e aqui.

A Lei de Imprensa caiu,

todos vocês já sabem, golpeada de morte pelo voto da maioria dos ministros do STF [Supremo Tribunal Federal]. Teoricamente foi junto também o direito de resposta, pois, apesar de constar na Constituição, não existe mais nenhuma lei para regulá-lo. Sem dúvida, é preciso encontrar um mecanismo democrático e eficaz para assegurar esse direito àqueles que se sentirem atingidos por alguma publicação. É bom não esquecer que a antiga lei garantia formalmente esse direito, mas quando negado, o reclamante precisava recorrer à Justiça. Desse modo, mesmo quando havia ganho de causa, o reparo era feito muito tempo depois - anos até - da publicação da notícia.

A gripe e a mídia

O blog do Knigh Center fou Journalism traz postagem mostrando que analistas de mídia consideram a cobertura da gripe suína exagerada, o que estaria fazendo aumentar a ansidedade das pessoas e levando pânico à população. No blog do Knight Center há link para artigos dos jornalistas - do Brasil e do exterior - que fazem críticas à cobertura. No Verbo Solto Luiz Weiz lembra que a malária mata muito mais gente em países pobres, sem que a tragédia vire notícia.
A situação de agora repete a cobertura da "gripe aviária", quando populações de lugares em que a possibilidade de contágio era absolutamente remota tiveram comporamento como se estivessem sob risco iminente de contrair a doença. Também não há como esquecer que, após o 11 de setembro de 2001, a população americana correu às lojas para comprar máscaras de gás e para estocar comida.
Obviamente, a imprensa precisa noticiar os fatos, mas também é nessário encontrar o equilíbrio entre as informações de interesse público, que precisam ser divulgadas, e o cuidado para que isso não cause histeria.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Demência com arte

Como já lhes disse aqui uma vez sou um dos participantes da mala direta do artista plástico Hélio Rôla, o Rolanet. Neste Primeiro de Maio, reproduzo a que recebi dele, com a ilustração vocês podem ver.
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De Hélio Rôla:

Dias atrás fui ao ao aeroporto Pinto Martins e dei uma olhada na livraria La Selva. Olhando, lendo títulos e apreciando a beleza das capas acabei comprando 3 livros preciosos... Compulsão aliada ao interesse? Deve ser por aí...
Bom, nessa andança dei de cara, como se diz, com o belo livro, A Arte Pública de Fortaleza, da arquiteta Tânia Vasconcelos. Publicado no governo Lúcio Alcântara. Tenho um exemplar dele. O livro é interessante e majestoso, acende em nós o apreço pela arte pública e nos diz onde na cidade ela se encontra. Beleza pura?! Sim e não!
Ao manusear o livro não conseguia deixar de lado o fato de que a maioria das esculturas referidas no livro, e que pertencem ao acervo da PMF, não mais se encontram no Parque das Esculturas, na praça da CDL (esculturas de 16 expressivos artistas cearenses, realizadas em 1997) que, não se sabe porque, se transformou numa rampa de arte "moderno-contemporânea em evolução", como diz um amigo... O parque está deteriorado e desfalcado das esculturas que em 2003 lhe deram vida e vida a um dos capítulos do livro.
Como essas artes não mais existem (?) e não acredito que se disponham a restaurá-las, pelo silêncio reinante, por parte de todos, das autoridades e dos artistas, principalmente, o livro se torna, em decorrência, um precioso registro social dessa ausência... dessa Demência com Arte?
Saudações da pARTE do Hélio Rôla
Fortaleza é nossa debilidade
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A propósito, os artemails de Hélio Rôla vêm acompanhando de música. O que lhes ofereci acima veio com Vivaldi e suas 4 Estações.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Folha de S.Paulo dá início a mudança editorial

Com o objetivo de dar início a uma mudança editorial, o diretor de redação da Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, e a editora-executiva, Eleonora Lucena, enviaram e-mail à redação para apresentar as diretrizes que vão “nortear as ações na produção e edição da Folha”. O jornal terá que trazer “informação exclusiva”, ampliar “a carga de interpretação e análise” e ser “conciso e claro”.
“Com esse projeto - que será desdobrado em várias medidas práticas -, busca-se reforçar os pilares do Projeto Editorial: praticar um jornalismo plural, crítico, apartidário e independente”, escrevem os dois na mensagem enviada na semana passada.

Conheça as diretrizes para a realização da mudança editorial:

1. Organizar a pauta selecionando mais os assuntos e priorizando as abordagens exclusivas dos fatos de relevo. Buscar o furo como prioridade máxima. Ter um planejamento de médio e longo prazo para desenvolvimento de pautas mais abrangentes;

2. Na produção, cuidar para ampliar o número de fontes, buscar o contraditório e sempre entender o contexto e os interesses que cercam a notícia. Não hesitar em pautar histórias que revigorem o prazer da leitura;

3. Na elaboração dos textos, trabalhar com concisão e didatismo. Observar a necessidade de a redação ter: a) frases e parágrafos curtos (máximo de 10 linhas justificadas), b) uso de aspas apenas quando houver relevância ou quando declaração for curiosa; c) emprego de números e cifras com mais critério, lembrando sempre de relacionar a parte e o todo, d) preocupação com as nuances, os matizes de argumentos e fatos, fazendo relatos com fidelidade, sem tentar enquadrá-los em categorias preconcebidas, e) a memória do caso e suas interrelações, f) narração clara e fácil, evitando jargões; g) conexão com a vida prática dos leitores;

4. Na edição, ter a preocupação de oferecer um produto mais compacto e integrado, sem reduzir espaço reservado a artes e fotos. É necessário reforçar a hierarquia nas páginas. Ajuste gráfico em curso auxiliará nessa tarefa. É preciso dar visibilidade ao “outro lado” e usar com mais frequência recursos como: a) “análise”, b) “perguntas e respostas” / “para entender o caso”,
c) “quem ganha e quem perde”, d) “saiba mais”, e) “e eu com isso?”.

[reproduzido na íntegra, inclusive título, do site Comunique-se]

Delúbio Soares: campanha na internet pede sua volta ao PT

O ex-tesoureito do PT, Delúbio Soares, está em campanha para voltar ao partido. Mas o blog "Companheiro Delúbio", fazendo campanha pela sua volta, está causando mal-estar no partido ao expor o nome de apoiadores, segundo matéria da Folha Online. Delúbio foi expulso do PT em 2005 em meio ao "escândalo do mensalão". Alguns dos listados sob a rubrica "Galeria de apoiadores", depois mudada para "Companheiros petistas" negaram que tivessem autorizado o uso de seus nomes; outros dizem que votariam a favor da volta de Delúbio, mas são contra uma campanha pública.

A farra das passagens: um escândalo democrático

João Alfredo, vereador pelo Psol, publicou nota paga na edição de hoje [30/4/2009] do O POVO, na pág. 23 [só dá para ler na versão digital] explicando e desculpando-se pelo uso da sobra de créditos de passagens aéreas no período em que ele foi deputado federal. Escreve o vereador: "Recebi, como todos os e ex-deputados não reeleitos, créditos de passagens já pagas às empresas aéreas não utilizadas [sic] [...]. Aqui se encontram os erros cometidos pela Câmara: o pagamento dessa 'sobra' de crédito às empresas aéreas e a entrega desses mesmos créditos a serem utilizados. Isso não me exime - quero deixar bem claro - de minha respnsabilidade. Mesmo tendo sido informado que não se devolviam os créditos - já pagos adiantamente, repito - minha atitude deveria ter sido a de devolvê-los à Câmara, para que ela pudesse se ressarcir desses gastos." A nota prossegue com o vereador explicando que está devolvendo os valores gastos, etc.

Pode-se dizer tudo dessa crise, mas uma coisa é certa: foi o escândalo mais democrático que se viu até hoje. Atingiu quase todas as siglas da Câmara, de A a Z; da esquerda à direita, passando pelo centro; do alto ao baixo clero.

Lula, o filho do Brasil

Um trailer de 8 minutos do filme Lula, o filho do Brasil, que deve estrear em 2010, iria ser apresentado no Cine PE, que vai até domingo, em Recife. Dei uma olhada na página do festival e não o vi na programação. Mas alguns novidades vão chegando. O cine Click divulgou esta semana fotos da filmagem do casamento de Lula [Rui Ricardo Diaz] e Lourdes [a primeira mulher dele, interpretada por Cléo Pires]. O diretor do longa, Fábio Barreto, garante que estará no Oscar. "Trago a estatueta", disse. Por enquanto, a foto e o trailer de pouco mais de dois minutos que está rodando no YouTube.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pânico tem endreço "roubado" no Twitter

Alguém descobriu a senha e "roubou" o endereço do programa Pânico [rádio Jovem Pan] no Twitter. O endereço "programapanico" já estava com mais de 3 mil seguidores quando foi "expropriado". A equipe do programa criou um novo endereço, o "panicooficial", que já está com mais de 800 seguidores [13h07min, de 29/4/2009].
O fato pode ser verdade, como pode ser mais uma das presepadas do programa, que costuma inventar factóides para bombar a audiência.

Reino Unido proíbe anúncio

Autoridades do Reino Unido proibiram anúncio de televisão da fundação Women's Aid. No filme, a atriz Keira Knightley [de Piratas do Caribe] apanha do namorado depois de voltar de uma filmagem. Chamado de "Cut" [corta], o anúncio faz um alerta sobre a violência doméstica e termina com a pergunta: "Já não é hora de alguém gritar 'corta'"? Segundo as autoridades do Clearcast, entidade responsável pela supervisão dos conteúdos publicitários no Reino Unido, o filme dirigido pelo cineasta britânico Joe Wright é muito "pesado" para divulgação nesse meio de comunicação. O órgão pede que as cenas de agressão sejam eliminadas para exibição na TV por terem sido consideradas excessivamente violentas. [As informaçãoes são da AdNews.]

No Brasil, a cada vez que se fala em controlar a publicidade na TV - inclusive de bebidas alcoólicas, como cerveja, que gozam de estranha liberdade para serem veiculadas a qualquer hora - alguém grita: "Censura". Seria? Não estaria na hora de alguém gritar "corta" para esse tipo de argumento que confunde publicidade com liberdade de imprensa?


terça-feira, 28 de abril de 2009

A complicada escolha das palavras

O artigo da ombudsman do New York Times desta semana, que tem o título acima, discute como a escolha de uma palavra mobiliza a redação de um jornal, e "demonstra os campos minados lingüísticos pelos quais jornalistas passam todo dia quando querem fornecer descrições precisas aos leitores".
Ela está falando na mudança na forma como o jornal classifica o sofrimento inflingido pela CIA ao prisioneiros da al-Qaeda. A reportagem descreve que os prisioneiros "tiveram que tirar as roupas e foram agredidos; ficaram mantidos acordados por 11 dias seguidos, algumas vezes com os braços acorrentadas ao teto; ficaram confinados em quartos escuros e passaram por simulações de afogamento". E como chamar isso: de "tramento cruel", "tramento brutal" ou simplesmente "tortura"? Para o governo Bush, eram técnicas "avançadas" de interrogatório.
O NYT começou classificando os interrogatórios de "cruéis", depois passou a chamá-los de "brutais", usando menos a palavra "tortura".
Segundo a ombudsman, alguns leitores acham que o jornal vem usando eufemismo, em vez de classificar como "tortura" o que ocorreu; outros achando que as medidas extremas eram necessários. Veja no Observatório da Imprensa.

Clube da Viola em festa

O combativo presidente do Clube da Viola, Orlando Queiroz, está convidando amigos e admiradores de cantorias a comemorar os dois anos do Projeto Cultural Quinta com Verso e Viola. A festa será no no palco do teatro Sesc Emiliano Queiroz, com os poetas cantadores José Cardoso e Jorge Macedo, "os mais representativos repentistas do Vale Jaguaribano, a região mais fértil em poesia cantada do solo alencarino", nas palavras de Orlando. O evento será no dia 30/4/2009, às 20h. Mais informações: (85) 9998 0827 - 8856 2190 -violanordestina@yahoo.com.br.

O martelo de José Cardoso

Aprendi a cantar sem professor,
Com a ajuda de Deus eu sou completo.
Você vem me chamar de analfabeto,
Exibindo um diploma de doutor.
No congresso em que eu for competidor
Você perde pra mim de dez a zero.
Finalmente eu lhe sou muito sincero:
Se deixar de cantar não sou feliz,
Ser poeta eu só sou porque Deus quis,
Ser doutor eu não sou porque não quero.


A décima de Jorge Macedo

Varo as noites fazendo serenata,
Escrevendo um poema à minha amada,
Companhia somente a madrugada
E as lágrimas da lua, cor de prata!
Vou deitar só no despertar da mata,
Passarinhos cantando e a luz do dia.
Com o hálito da brisa pura e fria
Acalento os meus sonhos de amor.
Sou boêmio, poeta e sonhador,
Meu suor traz o cheiro da poesia.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Affonso Romano e o oxímoro da arte

Confesso: eu nunca li nada do escritor e professor Affonso Romano de Sant'Ana, mas simpatizei de cara com ele na palestra "O problema da autonomia do sujeito na arte e na sociedade", na abertura da Semana de Humanidades Uece/UFC [post abaixo], pois ele começou dando um cacete federal em Michel Foucault, Jacques Derrida [tem que pronunciar derridá, se não, não vale] e Gilles Deleuze, os queridinhos de uma certa inteligentzia que ainda campeia pelas páginas dos jornais.
Nem quando era estudante eu gostava muito desse negócio de "a realidade é algo construído", como se a própria não existisse, portanto qualquer distorção tornava-se permitida. Alguns "professores" de jornalismo aproveitavam para dizer que a "verdade" não existia [nem a factual], pois tudo seria um produto da "linguagem".
Também nunca aceitei a tese do "relativismo", que vê como "manifestação de uma cultura, que tem de ser respeitada", mesmo quando isso implica a excisão, a infibulação ou a lapidação de mulheres. Affonso Romano bateu duro nesses dois pontos [ele não chegou a citar o exemplo das mulheres, que fica por minha conta]. Se em vez de jornalista tivesse me tornado um intelectual :), estaria combatendo na mesma trincheira dele, apesar da diferença de gerações [ele deve ser pelo menos uns 10 anos mais velhinho do que eu, pois disse ter visto os Beatles num concerto, quando eles ainda eram quatro].
Affonso Romano começou questionado se existe diferença entre uma ditadura como a do Irã, e uma sociedade democrática, como a Inglaterra, pois, em ambas os cidadãos são controlados: em uma, vigiados pelos aiatolás; na outra pelas câmeras onipresentes. Citou ainda o Patriotic Act, que permitia ao governo americano, sob Bush, vasculhar correspondências e listas de biblioteca para saber quem lia o quê - e comparou tudo ao Big Brother de George Orwell, no livro 1984. [Do BBB da Globo se falará abaixo.]
Deve ter sido também para horror alguns velhos comunista [sim, eles ainda existem] perdidos no tempo, ele pôr como equivalentes os governos da antiga URSS, da China e da Alemanha, sob o nazismo, como as sociedades que "suprimiram o sujeito ao máximo: o [homem] autônomo transformou-se em autômato", ao mesmo tempo em que perguntou: "Será que as sociedades ditas abertas, com a engrenagem do mercado, não estariam produzindo uma falta de autonomia, os indivíduos manipulados como autômatos?"
Admitiu que a geração dele, "de 40 anos atrás" estava "buscando uma utopia" que tem de ser revista "à luz do século XXI", e criticou filmes que continuam a romantizar a figura de Che Guevara. Chamou de "oxímoro" [contradição] a ação "revolucionária" que mata indiscriminadamente por "amor à humanidade"; e recitou seu poema: "As utopias são facas de dois gumes:/num dia dão flores,/noutro/são estrume". [Essa parte ele poderia ter pulado :)] E criticou a frase de Sartre: "O homem é livre para se comprometer", vendo-a como um convite à sujeição, portanto, um "oxímoro", repetiu.
Depois, passou a questionar diretamente a arte "pós-moderna", com seu "culto da fragmentação, do caótico, da apropriação".
"Pensar que um artista é mais livre que um engenheiro é uma irresponsabilidade", pois nem um nem outro pode fazer o "que bem entende", tendo, ambos de se sujeitarem a obrigações éticas: "Não há autonomia absoluta".
Disse que a história ocidental viu "transformações estéticas" na história da arte, desde quando o discípulo era louvado por bem copiar o mestre; passando pela fase em que se passou a admitir o "desvio", até se chegar à ruptura, o que, na época foi "estimulante". Mas que, de ruptura em ruptura, chegou-se a um "beco sem saída". "Uma coisa é a ruptura quando o sistema está organizado; se a ruptura passa a ser o sistema, vai-se romper com o quê?" [Cá entre nós, eu também nunca achei que um penico ou uma tampa de privada fossem obra arte.]
Para Affonso Romano, chegamos a uma época do "culto ao vazio, como se o vazio estivesse cheio" e perguntou por que a "superficialidade" e a "banalidade" nos fascinam tanto. Para ele, "o BBB [da Rede Globo] é a grande metáfora do nosso tempo, é a metáfora do vazio; as pessoas ligam a televisão para ver NADA".

New Yorker sob processo de 10 milhões de dólares

Integrantes de tribo da Nova Guiné movem ação de US$ 10 milhões contra revista americana New Yorker, devido a uma reportagem publicada em 2008, sob o título "Vengeance ours" (A vingança é nossa), do geógrafo ganhador de prêmio Pulitzer Jared Diamond. O Pulitzer é o mais prestigiado prêmio do jornalismo americano. Na matéria, Jared descreve brigas familiares intertribais que ocorreram durante décadas nas montanhas da Nova Guiné. Agora, Daniel Wemp, membro do clã Handa, está processando a revista, pedindo 10 milhões de dólares de indenização. Ele afirma que a reportagem acusava falsamente ele e um colega da tribo de "séria atividade criminal e assassinato". Wemp é apoiado pelo StinkyJournalism.org, projeto sobre a ética da mídia, com sede em Nova Yor. A New Yorker disse que apóia a reportagem de Diamond. Do blog do Knight Center for Journalism.

Affonso Romano de Sant'Ana contra o relativismo

"Até o princípio do século XX, havia certas certezas, certos paradigmas. A partir da modernidade, da teoria da relatividade, do Einstein, do teatro do absurdo, de Beckett e Ionesco, a partir dos questionamentos de Nietzsche, depois Focault e Derrida, os paradigmas entraram em colapso. Alguns artistas e muitas pessoas, ao invés de analisarem essas mudanças de paradigma, mergulham nisso de cabeça e irracionalmente. Acabam decretando que não existem princípios, não existe verdade, não existe sistema. Qualquer coisa é arte. Isso é um dos grandes equívocos do século XX." Do escritor Affonso Romano de Sant'Ana, em entrevista hoje no no O POVO, no caderno Vida & Arte. A crítica que ele faz às artes, pode ser estendida a quase tudo: da política ao jornalismo.
E tem mais: "A pergunta é: o artista é um cidadão acima de qualquer suspeita? Ele está acima da ética? Me parece que não. Nenhum profissional, em nenhuma área, com um mínimo de sentido de cidadania, pode se considerar acima da ética."

Pelo jeito, vai valer a pena ver a palestra dele "O problema da autonomia do sujeito na arte e na sociedade", hoje às 18h30min, na abertura da Semana de Humanidades Uece/UFC, no auditório da reitoria desta.

domingo, 26 de abril de 2009

Walt Disney


A Folha de S. Paulo [Ilustrada], traz na edição de hoje [26/4/2009] reportagem sobre uma biografia de Walt Disney [aqui, para assinantes]. O livro desfaz alguns mitos sobre o pai do Mickey e confirma outros. De fato, ele tinha uma personalidade tirânica, era anticomunista; não há provas que ele tenha sido antissemita. Mas, acima de tudo, segundo o livro, era um criador genial, capaz de produzir milhares de desenhos a mais para obter uma animação com movimentos realistas. O autor do livro - Walt Disney: o triunfo da imaginação americana - é Neal Gabler, que consultou milhares de documentos inéditos para escrevê-lo.

Se a memória não me trai, e ela sempre nos prega peças, a primeira obra que li foi um gibi do Mickey, em cuja história ele visitava uma tribo de índios. Eu devia ter uns seis anos, fazia uma viagem de trem com meu pai, e ele comprou a revista de um dos funcionários da ferrovia que passavam oferecendo as coisas mais diversas pelos corredores dos vagões.
Quando Disney morreu, em 1966, eu tinha 10 anos - e levei um choque -, pois achei que nunca mais veria um desenho feito por ele ou uma história inédita. Na minha compreensão infantil, eu via aquele homem, noite após noite, desenhando e escrevendo, sozinho, cada uma daquelas fantásticas histórias.
Um pouco mais crescido, passei para leituras mais "adultas", tornei-me admirador do Sr. Walker, mais conhecido como Fantasma, o espírito que anda, de seu amigo Guran [o pigmeu da tribo bandar], do seu lobo de estimação, Capeto, e do se cavalo banco, Herói. [A propósito, quando começaram a maldar dos super-heróis, Fantasma foi o primeiro a se casar, com a sua namorada, a srta. Diana Palmer; mas, por essa época, eu já não participava mais de suas aventuras.]
Hoje, quando vejo alguns pais condenarem jogos eletrônicos ou o uso computador, pois estes "desviariam" os filhos de coisas mais importantes, lembro que, quando criança havia a mesma lenga-lenga a respeito dos gibis. Felizmente, meus pais nunca proibiram; como eu tinha pouca grana, participava de uma feira de troca que ocorria, a cada domingo, antes do início das matinés do Cine Fernandópolis. Foi graças aos gibis que eu me tornei um leitor.

Como aprendi o português


Reli o belo conto/crônica de Paulo Rónai, “Como aprendi o português”, enfeixado no livro de mesmo nome [editora Globo, 1975]. Rónai conta como, na Budapeste de 1939, seu grupo de amigos estudava línguas “exóticas” e ele se sentia “humilhado” por estudar uma “fácil”: o português.
Começou pelo português de Portugal, até cair-lhe nas mãos um livro de poesia brasileira. Ele diz como passou a receber copiosa correspondência do Brasil depois de uma carta enviada ao jornal Correio da Manhã, do Rio. E como a publicação de alguns poemas, que ele traduziu para o húngaro [a única língua que o diabo respeita, conforme li em Budapeste, de Chico Buarque, que deve ter visto em outro lugar], nos jornais de sua cidade, levou um importante crítico a dizer que “o Brasil chegou-se mais perto” da Hungria.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, o governo húngaro, pró-nazista, prende Rónai [filho de judeus] em um campo de trabalhos forçados. Ele consegue fugir para Portugal, tendo como objetivo chegar ao Brasil. Mas, o estudo da língua de Camões de nada lhe serve para conversar com os portugueses – o que o deixa profundamente frustrado –, ainda que lhe possibilitasse ler perfeitamente os jornais. Depois de seis semanas, embarca para o Brasil.
Veja a forma deliciosa como ele relata a sua chegada ao Rio de Janeiro.
“Cheguei uns vinte dias depois. Que alívio logo na entrada! O Brasil recebia-me com uma linguagem clara, sem mistérios. Ainda não desembarcara, e já não perdia nenhuma das palavras do carregador que, em compensação, perdeu uma de minhas malas. Entendi igualmente o funcionário da alfândega; e de tão satisfeito, não lhe rebati a surpreendente afirmação de que o português e o húngaro eram línguas irmãs. O deslumbramento continuou na rua, no primeiro táxi, no hotel. O idioma que eu aprendera em Budapeste era mesmo o português!”

sábado, 25 de abril de 2009

Demócrito Dummar

Hoje, 24 de abril de 2009, faz um ano que Demócrito Dummar, o presidente do O POVO, morreu. Dizem que não há pessoas insubstituíveis: discordo. Todas, de um modo ou de outra, o são, pois únicas, e Demócrito em um nível mais elevado. Estivemos ontem na missa em homenagem a ele. Um ano depois, a igreja Cristo Rei cheia.
Demócrito estava para muito além de ser um simples empresário da comunicação; era um jornalista com toda a força de sua alma. Basta ver as frases dele que O POVO publica na edição de hoje, no alto de cada página. Mas os editores esqueceram-se de uma, que é minha preferida: "A hierarquia é uma mesa redonda".
Assim ele tocava o jornal, sem impor suas opiniões, mas argumentando à exaustão. Procurava um ângulo novo, ouvia, perguntava com genuína curiosidade; muitas vezes o vi aceitar argumentos que lhe pareciam bons, mesmo quando esses vinham de repórteres jovens, pois ele não escolhia os interlocutores pela idade ou pelos títulos.
Recentemente, d. Lúcia (mãe de Demócrito) me contou que ele via, como a pessoa mais inteligente que ele conhecia, um dos caseiros do sítio dela, pela ligação, entedimento e a sensibilidade dele em relação à natureza, principalmente dos pássaros que lá habitam. Esse homem, que Demócrito admirava, nunca frequentou uma escola formal. Esse é o Demócrito, que nos suprendia a cada dia, e continuará a nos surpreender pela memória que todos guardaremos dele e que nos encarregaremos de distribuir, tentando emular a generosidade que era a marca mais profunda de sua personalidade.

Mas certamente, ele não ia querer tristeza, conto duas histórias diferentes que captam uma infinesimal parcela do modo como ele via a vida.

- No fim de 2007, quando já esta certo que deixaria a função de ombudsman, saí com três colegas de Redação, Gutemberg, Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio para um bar copo-sujo, o Zé Maria, nas proximidades do O POVO. Devia ser umas 10 da noite, ligo para a diretora de Redação, Fátima Sudário, que ainda estava no fechamento do jornal, e ouço a voz do Demócrito: "É o Plínio?"; a Fátima, brincando: "Eles estão fazendo o bota-fora do Plínio do cargo de ombudsman"; Demócrito: "Onde é?, eu quero ir lá". Não se passam cinco minutos Demócrito encosta o carro, desce com d. Vânia (a companheira inseparável) com vestido de festa, para onde iriam ou de onde estavam vindo. O Zé Maria, meio atarantado enxugava as mãos no avental e procurava uma cadeira, que não estivesse quebrada, para oferecer a d. Vânia. Iniciamos um pedido de desculpa, pelo que parecia um transtorno a d. Vânia e ela sorrindo: "Que nada, eu já estou acostumada". Ficamos por lá um bom par de horas. Depois disso, Demócrito sempre perguntava: "Quando vamos voltar ao Zé Maria?"

- Em 2006, o artista plástico Yuri Firmeza conseguiu enganar os jornais da cidade com um fictício artista plástico japonês o Souzareta Geijutsuka. Foram feitas matérias, anunciada a sua suposta exposição, etc. Até que o Yuri revela a farsa e explica que o fez como uma espécie de vingança contra os jornais que não dariam importância aos artistas locais. Eu era ombudsman e estava de férias quando o fato aconteceu. Na volta, ao entrar na Redação observo a revolta de vários colegas por terem sido enganados, alguns não se conformavam, queriam encerrar o assunto. O POVO sustenta o debate por alguns dias. Encontro Demócrito e brinco como ele: "Viu o que fizeram com o seu jornal?" E ele: "Você viu que coisa interessante? Eu acho que devíamos mantido essa discussão por mais tempo". Eu: "Demócrito, você deve ser o único dono de jornal do mundo que está à esquerda de sua Redação".

De fato, as pessoas são insubstituíveis, mas a verdade inevitável é que a vida segue, e não poderia ser diferente. O que nos resta é tentar fazer justiça à memória de Demócrito, dando continuidade à sua obra: O POVO.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Memória e devir

É o título da Semana de Humanidades Uece/UFC, que começa na segunda-feira [27/4/2009]. A abertura será às 18h, no auditório da reitoria da UFC, com palestra do escritor Affonso Romano de Sant’anna. A programação completa está aqui.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Twitter vira campo de batalha

entre o colunista da revista Veja, o parajornalista Diogo Mainardi, e o apresentador do CQC, Marcelo Tas. O motivo da briga parece ter sido a menção que Mainardi fez ao acordo que Tas mantém com a Telefônica para a divulgação de um serviço. O parajornalista teria chamado Tas de "homem sanduíche do século XXI", referência às pessoas que andam nas ruas com placas de publicidade colocadas na frente e nas costas, ou seja publicidade colada ao corpo [noves fora, pilotos de Fórmula 1 e praticantes profissionais de qualquer esporte]. Tas revidou dizendo que Mainardi estaria com inveja. Veja mais no Adnews.
Tas eu não sei qual apito toca, mas Mainardi é um provocadorzinho semiprofissional que ganha a vida com factóides. [Aliás, nem sei porque faço esse post: de qualquer modo, pouca gente vai ver mesmo :)]

Sincronicidade do Sagrado

Vasco Arruda é um sujeito que entende muito de religiões, de muitas. Mas não pensem que ele é um proselitista ou um intolerante. Ele acolhe com igualdade todas as manifestações do "Sagrado", que é como ele nomeia o mistério que outros chamam de Deus, pois este nome teria uma conotação restritiva e aquele amplificadora. [A propósito, ele também tem paciência com alguns profanos amigos. :)]
Pois bem, Vasco é um estudioso, já deu aulas de História das Religiões, escreveu livros e agora resolveu fazer um blog, o Sincronicidade. Se você se interessa pelo assunto, lá encontrará um cara sem proeconceitos, com quem poderá dialogar sobre o assunto.

Joaquim Barbosa X Gilmar Mendes

Vocês devem ter visto o pau que comeu entre os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes [presidente], do Supremo Tribunal Federal (STF). Mendes acusou Barbosa de fazer julgamentos diferentes, conforme a classe dos envolvidos. Seguiu-se o "diálogo":
Barbosa: "V. excelência está destruindo a Justiça deste país e vem agora dar lição de moral a mim? Saia à rua ministro Gilmar, saia à rua, faça o que eu faço".
Mendes: "Eu estou na rua ministro Joaquim"
Barbosa: "V. excelência não está na rua não, vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro" E ainda sapecou: "V. excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas de Mato Grosso [referência ao estado de origem de Gilmar Mendes]. Veja o vídeo aqui.
Não é a primeira vez que se acusa o ministro Gilmar Mendes de ser um perigo ao Judiciário. Em 8 de maio de 2002, o jurista Dalmo de Abreu Dallari, quando Mendes foi indicado ao TST pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, escreveu um artigo para o jornal Folha de S. Paulo. No texto, Dallari disse que a presença de Mendes no TST poria "em risco sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional".
Veja a reprodução do artigo de Dallari [grifei]:
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Folha de S. Paulo 8/5/2002

Degradação do Judiciário
DALMO DE ABREU DALLARI

Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos constitucionais. Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética.
Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República [Fernando Henrique Cardoso], com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica. Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência indispensáveis num sistema democrático.
Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, estaria sendo montada uma grande operação para anular o Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente - pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga -, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.
É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção. É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo [Gilmar Mendes] especializou-se em "inventar" soluções jurídicas no interesse do governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito. Já no governo Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, "inventaram" uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações.
Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais. Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do advogado-geral da União, muitas vezes eram claramente inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades federais. Indignado com essas derrotas judiciais, o dr. Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um "manicômio judiciário".
Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo publicado no "Informe", veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001). Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado "Manicômio Judiciário" e assinado pelo presidente daquele tribunal, observa-se que "não são decisões injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo".
E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do dr. Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes, sócios na "indústria de liminares".
A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um problema ético. Revelou a revista "Época" (22/4/ 02, pág. 40) que a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, o dr. Gilmar Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público - do qual o mesmo dr. Gilmar Mendes é um dos proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na "reputação ilibada", exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo.
A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da Constituição, seja apenas uma simulação ou "ação entre amigos". É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática.

Dalmo de Abreu Dallari, 70, advogado, é professor da Faculdade de Direito da USP. Foi secretário de Negócios do município de São Paulo (administração Luiza Erundina). Link para o artigo aqui [para assinantes]

TV Cultura: nova marca



Não mudou muito em relação à antiga, mas esta é a nova marca da TV Cultura, repaginada para ficar "mais leve".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Rosa da Fonseca: 60 anos


As mulheres costumam esconder a idade, mas nem todas. A radical crítica Rosa da Fonseca comemorá os seus 60 anos em grande estilo. A festa, com convite público, vai ser animada por mais de 20 músicos, amigos da aniversariante, entre eles Fausto Nilo, Téti, Manassés e Eugênio Leandro. Rosa, que já passou por várias fases militantes, sempre na esquerda, hoje, na Crítica Radical, é arauto do "fim da política", candidata a coveira do capitalismo, e nos desafia a "pensar o impensável" em direção à "sociedade da emancipação humana".
[Me passa pela lembrança a quantidade de vezes que Dorian Sampaio abria a porta da pequena redação do JD, o braço passado pelos ombros de Rosa, invariavelmente lembrando quando ambos eram jovens, para dizer que ele era a "a moça mais bonita" de sua época.]

A festa será no dia 24/4/2009 [sexta-feira], na av. da Universidade, 2158 [ao lado do Teatro Universitário]. Contatos: (85) 8816 6253 - 3081 2956 - 3091 0861

Combate à corrupção

O Curso Instrumentos de Gestão e Informação para a Transparência e Prevenção contra a Corrupção, da Fundação Konrad Adenauer e Escola de Formação de Governantes, começará no dia 29 de abril; as inscrições podem ser feitas até o próximo dia 27. Terá duração de um mês, às quartas e quintas-feiras, das 18h30min às 22 horas. O objetivo, segundo os organizadores, é apresentar "experiências práticas e instrumentos teóricos" para aqueles que querem ter mais informações sobre o tema. Mais informações e inscrições aqui.

Chupa que é de uva

Dominguinhos: "Outro dia vi o Aviões do Forró e fiquei com pena vendo aquela vocalista cantando Chupa que é de Uva. Ela é uma grande cantora, mas infelizmente estava cantando besteira. Coitados, eles dependem disso para o sucesso. Mas se ela sair dali, ela emplaca em qualquer lugar". No O POVO.

Controle das verbas públicas

Ou falta dele. O POVO traz matéria bem interessante falando de repasses que as prefeituras fazem para a Aprece [Associação de Prefeitos e Municípios do Ceará], UVC [União dos Vereadores Cearenses] e APDM [associação de primeiras-damas]. Foram R$ 13 milhões nos últimos quatro anos. O, digamos assim, "detalhe", é que esse dinheiro fica fora da prestação de contas que os prefeitos precisam fazer ao TCM [Tribunal de Contas dos Municípios]. O presidente do TCM, Ernesto Sabóia, diz que é "inquestionável" a necessidade de se prestar contas desses recursos, mas que esta é a "primeira vez que o caso está sendo levantado". O texto do O POVO questiona a constante queixa dos prefeitos pela falta de recursos, frente a esse transferência maciça de dinheiro a entidades privadas. Veja a matéria aqui.

Por que tanta gente quer ser jornalista?

Com o título acima, o velho repórter Ricardo Kotscho fez uma postagem em seu Balaio, comentando uma das muitas palestras que faz para estudantes. Ele começa assim:
"Faz muitos anos que os cursos de comunicação social que formam jornalistas são os mais cobiçados nos exames vestibulares. Faculdades de jornalismo pipocam por todo país, são centenas por toda parte. Por isso, eu me pergunto: por que tanta gente quer ser jornalista, exatamente neste momento em que se anuncia a morte dos jornais e a nossa profissão é tão criticada pelo conjunto da sociedade? Além disso, estamos prestes a ter uma decisão do Supremo Tribunal Federal, provavelmente acabando com a obrigatoriedade do diploma, o que, na prática, significa que qualquer um poderá ser jornalista, como já vem acontecendo." No fim, ele diz não ter resposta para a pergunta e pede socorro a seus leitores.
Ainda tem um brinde: ele reproduz a palestra que fez aos estudantes. Vale a pena ler, seja você estudante, jornalista - ou tenha qualquer outra profissão.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ministro do TCU voou com cota de deputado

O portal de notícias Congresso em Foco vem dando um banho de cobertura no caso do uso indevido de cotas de passagens aéreas de parlamentares. Hoje anunciou que as cotas serviram a Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), órgão responsável por fiscalizar as despesas dos três Poderes. Nardes viajou de Brasília para Porto Alegre no dia 6 de dezembro de 2007, às 10h20, no voo JJ 8020. A viagem custou R$ 519,12 e foi paga pela cota do deputado José Otávio Germano (PP-RS).

Biblioteca Digital Mundial

Está na rede a Biblioteca Digital Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco]. O projeto reúne acervo de bibliotecas de quase todos os países do mundo, incluindo o Brasil. A consulta é gratuita, em sete línguas, entre elas o português. O acervo é composto de imagens, manuscritos, mapas, filmes e gravações. Vale a pena conferir, aqui. [Acima, mapa do Brasil de 1565: clique e veja ampliado]

Oi, tem alguém aí?

Se você tem um Oi e vai viajar, prepare-se para ficar sem telefone. Já aconteceu comigo em São Paulo, aqui bem próximo de Fortaleza, pouco depois de Beberibe e, agora, mais recentemente, em várias cidades do interior do Ceará. Para não dizer que meu celular não serviu para nada, usei-o como lanterna para discar de um orelhão à noite, para conseguir ver as teclas e a quantidade de crédito do cartão, que passa naquele visorzinho dos telefones públicos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Voando com a cota pelo mundo

Dos 18 deputados que usaram a cota parlamentar para 20 ou mais voos internacionais, cinco são do Ceará:
- Léo Alcântara (PR): 35
- Marcelo Teixeira (PR): 35
- Aníbal Gomes (PMDB): 24
- Eugênio Rabelo (PP): 24
- Paulo Henrique Lustosa (PMDB): 24
O levantamento é do Congresso em Foco. Veja a lista completa.

Escritor Bin Laden

O escritor Marcelo Mirisola esculhamba jornais e jornalistas, especialmente a Folha de S. Paulo e "os suplementos culturais dos jornalões e os nerds e as bichinhas culturais que os fazem, quero que todos eles – inclusive e sobretudo o leitor bunda-mole desses jornais que frequenta a Casa do Saber e a festa de Paraty – quero mais é que todos eles vão para a putaqueospariu". É pau puro. No Congresso em Foco.

Encontro Nacional de Comunicação

Está sacramentado no Diário Oficial da União [17/4/2009] o decreto presidencial que convoca a Primeira Conferência Nacional de Comunicação. Será entre os dias 1 a 3 de dezembro deste ano, com o tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”.
Lula havia anunciado, no Fórum Social Mundial, realizado em Belém, a disposição em convocar a conferência. As despesas serão bancadas pelo Ministério das Comunicações, que dispõe de R$ 8,2 milhões no orçamento de 2009 para o evento. Veja mais no portal do Ministério das Comunicações.

A mídia em debate

Carta Maior promove o evento "A mídia em debate", na próxima sexta-feira, 24 de abril. Será no hotel Macksoud Plaza, em São Paulo, às 19 horas, com entrada gratuita. Debatedores: Laurindo Leal Filho [professor da USP], Venício Lima [pesquisador da UnB], Luis Nassif [jornalista] e Damian Loreti [professor da Universidade de Buenos Aires]. Convidado especial: o professor Antonio Roberto Espinosa [aquele que deu entrevista para a Folha de S. Paulo e, depois da publicação, acusou o jornal de ter-lhe deturpado as palavras, ao envolver a ministra Dilma Rousseff em um plano - não realizado - para sequestrar Delfin Neto, no período da ditadura militar]. Ver aqui.
Para quem não pode estar em Sampa, o evento será transmitido ao vivo pela TV Carta Maior.

Eliminar jornais salva o planeta?

Marriott, o grupo hoteleiro avisou que não mais distribuirá jornais automaticamente aos clientes. A rede disse que cada jornal representa meia libra de emissões de dióxido de carbono. Eles distribuem 50 mil jornais por dia, cerca de 18 milhões por ano. A rede hoteleira pretende fazer a distribuição mais dirigida e usar meios eletrônicos para difundir notícias. No NYT.

Blog, Twitter e YouTube

A exemplo de Barack Obama, o presidente Lula pretende utilizar-se de todos os meios virtuais disponíveis. Vai lançar o "Blog do Planalto", um perfil no Twitter e estuda como usar o YouTube. Mais.
A propósito, sempre que vou a debates com dirigentes sindicais, estes se queixam da "falta de espaço" na "grande imprensa". O que eu respondo é o seguinte: a esquerda brasileira nunca teve competência criar um jornal de referência, a exemplo de alguns países da Europa [e mesmo a esquerda americana, que tem uma revista de repercussão mundial a Mother Jones]. Agora, esse bonde já passou. Mas a esquerda ainda pode lançar mão dos meios eletrônicos, inclusive criando uma TV na internet, a baixo custo, em vez de ficar se queixando.
Está aí o ex-sindicalista Luiz Inácio mostrando o caminho.

Balançando o sedém [VI]

Tem mais uma da viagem Guaraciaba do Norte/Viçosa do Ceará que estava esquecendo de contar. Entre um percurso e outro, correndo o dial digital do rádio, parei em uma emissora, não sei de qual cidade, em que o locutor tocava Nelson Gonçalves para homenagear o seu aniversário de nascimento. Como dizia o speaker se "Nelson estivesse entre nós", ele teria completado 90 anos no dia 18 de abril. Depois de uma música, daquelas que o cantor quase estoura as caixas de som, o cara se sai com essa: "Isso é que é cantor; isso é que é voz, e voz de homem, não aquele negócio de Caetano Seboso, que não canta nada e ainda beija boca de homem". Continuou esculachando Caetano Veloso por um bom par de minutos e emendou: "Hoje pra ser cantor basta balançar o sedém na televisão; balançou o sedém, já está fazendo sucesso; no tempo do rádio não, precisava ter voz". Impagável.
[Algum eventual leitor não-cearense que não saiba o que é "sedém", ainda que dê para imaginar, sugiro procurar um bom dicionário de termos da terra de Alencar.]

domingo, 19 de abril de 2009

Soprando o bafômetro [V]

No volta, uma blitz do Detran e Cia. nos para nas proximidades de Tianguá. Documentos, etc., e a funcionária do Detran, muito gentil: "Nós também estamos fazendo o teste do bafômetro, o sr. quer fazer?" Eu quase perguntei: "É convite ou intimação?" Mas numa hora dessas é melhor não brincar, pode render "desacato à autoridade". :) Ok, lá fui eu. Formou-se uma fila: uns três da minha frente, fui prestando atenção. O negócio tem uma técnica, não é ir soprando de qualquer jeito, não. O sujeito que fez o teste antes de mim errou três vezes e já estava ficando meio nervoso. Portanto, vou ensinar a você como fazer; caso seja parado em uma blitz, mostre-se um profissional do bafômetro: encha o pulmão de ar e sopre com força, e sem parar, de cinco a sete segundos. O técnico vai avisar: "Pode parar": é quando aparece a marcação na maquineta. [A propósito: eu "passei".]
Mas quem sofre mesmo é motociclista. Durante a blitz fica uma espécie de sentinela avançada vigiando; de vez em quando ele grita: "Lá vem moto!", e o pelotão se mobiliza para não deixar passar nenhuma.

Igreja do Céu [IV]

Depois, subimos os mais de 300 degraus para chegar ao palco de Igreja do Céu [tem como ir de carro, mas dei uma de valente, não quis fazer feio para a minha mulher, e o resultado é que estou com a batata da perna em pandarecos]. É uma via-crúcis, quase literal, em cada "descanso" uma das 14 estações da cruz de Cristo entalhadas no cimento. A vista deslumbrante compensa o esforço.
Fui para ver o grupo Choro das 3 [meninas de São Paulo] e o Época de Ouro [marmanjos do Rio]. Por entre as mesas, lá estava o Serginho, junto com um bando de meninos da Associação vendendo o CD do Guarani Choramingando: R$ 5,00. Barato, eu o disse; e um moleque, bem ligeirinho: "Então compra o DVD, que é 10". Pedi um autógrafo [no CD], ele escreveu com letra caprichada: "De Serginho para Plínio", brá e fim.
Terminados os discursos [tipo espada: longo e chato] tocou a Orquestra de Viçosa do Ceará, após vieram as três choronas. Por essa hora, lá pelas 10 da noite, uma neblina começou a se formar na altura dos postes de iluminação; as meninas tocando, a neblina se adensando, até não se enxergar um metro à frente. Eu vou te contar: é muito bonito ver aquilo. Só que atrás da neblina, veio uma chuvinha fina, que engrossou, depois afinou de novo. As meninas cantando, a chuva caindo; uns ficaram lá firmes embaixo d'água, nós, com mais uma porção de gente, corremos para a Igreja do Céu, que os padres generosamente deixaram aberta.
Resolvemos descer a escada sob a chuva fina, sem ver o Época de Ouro [sei que perdemos um grande espetáculo]. Fomos segurando pelo corrimão, enquanto uns moleques, exibindo a boa forma física [e desafiando o perigo de escorregar], desciam às carreiras.
Olha, o festival Mel, Chorinho & Cachaça de Viçosa do Ceará tinha muito mais coisas interessantes. Mas só lhes conto o que pude ver.

Guarani Choramingando [III]

Primeiro a obrigação, depois a devoção. De Guaraciaba fui a Viçosa do Ceará, onde transcorria o festival "Mel, Chorinho e Cachaça". É sempre bom voltar a Viçosa: clima ameno, uma vida tranquila [aparentemente, para quem chega de fora]. Belos lugares para se ver; ideal para se tomar um vinho em boa companhia. Só deu para ficar no sábado [no domingo teria Dominguinho]. Vi, na praça da Matriz, o Guarani Choramingando, grupo formado por meninos e meninas entre 12 e 16 anos de idade. São fantásticos: é um prazer imenso ouvi-los e emocionante ver o amor que eles têm pela música e pelos seus instrumentos. Marina Martins [flauta soprano] é a que fala pelo grupo; Bruna Whelita [cavaquinho] também fala um pouco; os meninos: Erinaldo Alves [violão], Bruno da Silva [flauta transversal], Luiz Miguel [ganzá] e Sérgio Lima [pandeiro] ficam quietos, mas tocam pra dedéu. O Serginho, de 12 anos, é um número à parte, pela destreza com que toca o seu instrumento e pela simpatia.
O grupo Guarani Choramingando é resultao do trabalho da ONG Associação Comunitária do Guarani, de Campos Sales [CE], que desenvolve o projeto "Construir a cidadania com arte educação e cultura". Pelo jeito, vem dando certo, e muito. Os contatos deles são: (88) 3533 1463 e assguarani@yahoo.com.br .

- Na foto da organização do evento [da esq. para a direita]: Serginho, Luiz Miguel, Marina, Bruno, Bruna e Erinaldo.

"O Teixeira" [II]

Após o seminário, tivemos um agradável encontro no restaurante "O Teixeira" [que também tem uma pousada, onde fiquei]. Como não podia deixar de ser, rolaram causos e piadas sobre políticos. Vou contas duas delas, sem revelar os autores:
  • Dois vereadores trocam insultos no plenário
  • - V. excelência é um descalcificado.
  • - E o senhor é um ignorante, é "desclassicado" que se diz.
  • - Não, é descalcificado mesmo, pois faz 10 anos que sua mulher lhe bota chifre e ele ainda não nasceu.

A outra, no mesmo estilo:

  • - V. excelência vem aqui falar dos outros, mas rouba cotidiariamente.
  • - "Cotidiariamente" não, seu ignorante, o certo é "cotidianamente".
  • - Cotidianamente se o sr. roubasse uma vez por ano, mas o sr. rouba é todo dia.

[Obviamente, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência.]

A propósito: o Teixeira, que não tem nada a ver com o que foi dito acima, pois nem político é, faz um ótimo churrasco e melhor ainda tilápia frita. Ele aprendeu as artes de restauranter nos mais de 20 anos em que trabalhou no ramo em São Paulo e no Rio. No início dos anos 1990 resolveu voltar à sua terra para aplicar no seu negócio o aprendizado que teve na escola prática da vida. Simpático, ele está sempre à disposição para dois dedos de prosa.

Guaraciaba do Norte [I]

"Quais os rumos do dinheiro de impostos que todos pagam?" Com esse mote iniciou-se, na sexta-feira [17/4/2009] o curso Controle Social das Contas Públicas, em Guaraciaba do Norte. O evento de abertura, organizado por Francisco Baltazar, foi realizado no Teatro João Barreto [instituição dirigida por ele]. Estiveram presentes mais de 100 alunos da Universidade Vale do Acaraú [UVA] e a meta de é reunir 200 estudantes em torno do assunto. O curso a distância, organizado pela Fundação Demócrito Rocha [FDR] e Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará [TCM] já está com 33 mil inscritos. Na sua cidade de origem, Baltazar quer complementar as disciplinas oferecidas a distância com uma série de seminários, que resultarão em créditos para os estudantes da UVA.
Neste primeiro seminário, o presidente do TCM, Ernesto Sabóia, defendeu a necessidade de mais auditores para fiscalizar as contas públicas e disse que a sociedade tem de dar a sua contribuição. Por isso, disse, tomou a iniciativa de propor o curso à FDR, de modo a capacitar o cidadão para melhor exercer seu papel fiscalizatório. Eu falei sobre a importância do jornalismo, da necessidade de transparência das contas públicas, e da luta pelo direito ao acesso às informações públicas, temas do fascículo que escrevi para o curso.
A propósito, os professores Palmira Soares [vice-reitora da UVA] e Leoman Gomes [pró-reitor de extensão] deram uma informação que, confesso, me surpreendeu: a UVA, em Guaraciaba, tem 1.300 alunos da própria cidade e de outras da região da Serra da Ibiapaba.
[Na foto, a bela fachada do Teatro João Barreto]

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fora do ar

Comercial da Doritos foi suspenso pelo Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar). A propaganda, suspostamente, tem caráter homofóbico: a trilha sonora do filme é a música YMCA, considerada um símbolo gay no mundo inteiro. A dona da marca, a empresa Pepsico, diz que vai recorrer da decisão. O Conar pegou pesado: o "politicamente correto", por vezes, exagera. Veja o filme e tire suas próprias conclusões.

Farra das passagens

chega a Gilmar Mendes, presidente do STF, e ao ministro Eros Grau, como beneficiários da cota de deputados. Mas ambos apresentam documentos para mostrar que não tiveram viagens pagas pela Câmara. Eles podem ter sido envolvidos, involuntariamente, em um mercado paralelo de viagens pagas com dinheiro público. Veja no Congresso em Foco.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Em matéria de chifre...

...jornalistas em primeiro lugar. A maioria dos integrantes da diretoria da Associação dos Cornos de Rondônia [Ascron] é de jornalistas. A "descoberta" é do site Comunique-se, especializado em notícias sobre jornalismo e jornalistas. "[Devido ao acúmulo de trabalho] o jornalista acaba esquecendo a mulher em casa. Alguém tem que dar carinho a ela", é a provocação de Pedro Soares, presidente da entidade, que tem mais de 8 mil associados. Ficou curioso?, veja a matéria aqui. E o site da Ascron, aqui. Ainda bem que é em Rondônia, não?

Direito à informação pública

Está disponível o relatório do seminário de direito de acesso às informações públicas, realizado no início deste mês, em Brasília. Aqui. Há arquivos de texto, vídeo e Power Point, neste um resumo do que representa o "direito de acesso", apresentado por Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

Lula no desenho "South Park"




Essa eu pesquei do Antino. O presidente Lula virou personagem do desenho animado "South Park", no episódio exibido na noite desta quarta-feira, nos Estados Unidos. No desenho, os personagens estão lutando contra uma invasão alienígena e pedem ajuda de diversos líderes mundiais, incluindo Lula. Ego.